Em 12 meses, alta é de 2,7%
Agência Brasil
A economia brasileira cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025 na comparação com o segundo trimestre e atingiu o maior patamar já registrado. Em relação ao terceiro trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB), conjunto dos bens e serviços produzidos no país, apresenta alta de 1,8%. No acumulado de quatro trimestres, o PIB teve expansão de 2,7%.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta trimestral de 0,1% é considerada pelo IBGE como estabilidade, ou seja, não significativa. O PIB chega a R$ 3,2 trilhões.
Setores da economia
Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, a indústria apresentou o maior crescimento (0,8%), seguida pela agropecuária (0,4%). O desempenho dos serviços, que representam o maior peso no PIB, ficou praticamente estável (0,1%).
Dentro dos serviços, os destaques foram:
- Transporte, armazenagem e correio: +2,7%
- Informação e comunicação: +1,5%
- Atividades imobiliárias: +0,8%
O comércio avançou 0,4%. Na indústria, houve alta nas indústrias extrativas (1,7%), construção (1,3%) e transformação (0,3%). Já o segmento de eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos recuou (-1,0%).
Pelo lado das despesas, o consumo das famílias ficou estável (0,1%) e o consumo do governo avançou 1,3%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) subiu 0,9%. As exportações avançaram 3,3%, enquanto as importações recuaram 0,3%.
Desaceleração econômica
O IBGE aponta tendência de desaceleração da economia em 2025. No primeiro trimestre do ano, a alta foi de 1,5%; no segundo, 0,3%; e no terceiro trimestre, 0,1%. No acumulado de quatro trimestres, o crescimento caiu de 3,6% (março) para 2,7% (setembro).
Segundo Claudia Dionísio, analista das Contas Trimestrais do IBGE, a política monetária restritiva, com juros altos, é um dos principais fatores da desaceleração. Os juros elevados afetam a indústria de transformação, investimentos e consumo das famílias, que depende de crédito.
Fatores positivos como mercado de trabalho aquecido, aumento da renda e programas assistenciais de transferência de renda ajudam a mitigar os efeitos contracionistas.
Taxa de juros e inflação
A Selic está em 15% ao ano, maior patamar desde julho de 2006, para conter a inflação, acumulada em 4,68% em 12 meses, acima do teto da meta do governo (4,5%). Juros altos reduzem a procura por bens e serviços, freando preços, mas também limitam a geração de empregos e o crescimento.
Exportações e tarifaço americano
O tarifaço americano iniciado em agosto, com taxas de até 50% sobre vendas brasileiras para os EUA, teve impacto localizado. Exportadores redirecionaram vendas para outros mercados, como a China, mitigando efeitos negativos. O presidente Donald Trump chegou a alegar retaliação ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 20 de novembro, Trump retirou taxação adicional de 40% sobre produtos como carnes e café. O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin calcula que 22% das exportações brasileiras para os EUA ainda estão sujeitas às sobretaxas.
O que é o PIB
O PIB mede todos os bens e serviços produzidos em um período e permite analisar o comportamento econômico de um país, estado ou cidade. Ele considera apenas produtos finais e preços ao consumidor, incluindo impostos, evitando dupla contagem.
O PIB ajuda a compreender a realidade econômica, mas não reflete distribuição de renda ou qualidade de vida. Um país pode ter PIB alto e padrão de vida baixo, ou PIB baixo e alta qualidade de vida.
Revisão dos dados
O IBGE revisa divulgações anteriores do PIB. A reanálise de 2024 mostrou recuo maior na agropecuária, crescimento menor da indústria e maior nos serviços, mantendo o crescimento anual confirmado em 3,4%.
Agência Brasil